Eu caí de Pára-Quedas


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MINHA HISTÓRIA DE VIDA

Meu nome é Ângela, hoje tenho 35 anos de idade e meus pais são: Antônio Domingues e Maria do Carmo Silva, nascidos em Salvador (BA) e a minha história começa aqui.
Na época com 23 anos, um descuido de minha mãe acabou por provocar uma gravidez indesejada.
Eu vim ao mundo sem ser planejada (lembrando que naquele tempo as coisas eram mais rígidas), a minha mãe foi expulsa de casa junto ao meu pai e comigo no ventre.
Eles decidiram então vir para São Paulo, para tentar a sorte, mas minha mãe nunca aceitou o que seus pais fizeram e se tornou uma mulher muito amarga.
Eu fui uma criança que não tive muita infância, pois minha mãe me delegava deveres que seriam para um adulto, acredito que era uma forma de se vingar por eu não ter sido uma escolha dela e acabei mesmo sem querer atrapalhando as metas que ela almejava. O tempo foi passando e minha mãe teve mais dois filhos homens.
O Ângelo Márcio e o Ângelo Marcos com meus irmãos minha mãe era extremamente dócil e afetuosa, mas comigo era ríspida e eu sempre tinha um dever a cumprir.
E assim seguiu a vida... O tempo passou e à três anos eu me encontrava casada e com um filho de um ano e oito meses. Após dois meses descobri que estava grávida novamente, quando dei a notícia para meu marido fui recebida por uma notícia que me jogaria no fundo do poço. Ele me disse que iria embora, pois a vida de casado não era o que ele queria, mas me ajudaria no que fosse preciso para criar os nossos filhos.
Naquele momento perdi o chão, me senti a pior das piores. Tinha namorado sete anos e estava casada há quatro e jamais podia sequer pensar que ele fosse capaz disso, principalmente eu estando grávida.
Ele começou a dormir fora de casa. Passava quatro, cinco dias e até uma semana sem aparecer e quando aparecia me procurava, mas eu me negava. Foi ai que realmente meu sofrimento começou, ele ameaçava me bater.
Pra piorar, minha casa foi assaltada três vezes em um mês e graças a Deus nunca mexeram comigo, pois em todas às vezes eu me encontrava em casa. Eu me escondia no porão da casa, pois lá eles nunca entraram e colocava meu filho no peito pra mamar
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para eles não ouvirem o choro. Depois disso, tive que tomar uma decisão porque eu, meu filho e minha filha ainda no ventre, estávamos correndo risco de morte.
Como trabalhava em uma confecção à oito anos, decidi sentar com meu chefe e contar tudo a ele  que me compreendeu e me mandou embora para que eu pudesse retirar o meu rendimento recolhido. Com o dinheiro comprei um apartamento do CDHU, pois eu morava de aluguel.
No dia da mudança, eu consegui uma caminhonete aberta para levar o pouco que eu tinha, pois os ladrões haviam levado quase tudo. Para a minha falta de sorte, choveu muito no caminho e tudo que eu tinha foi perdido mais uma vez.
Consegui comprar em uma casa de móveis usados um fogão, tipo de acampamento, com duas bocas, um colchão de solteiro e um berço pra minha filha porque a geladeira eu ganhei. Eu não tinha televisão e rádio somente o do celular.
Tudo que peguei da confecção aonde trabalhava foi no apartamento, e com as parcelas eu pagava água, luz, condomínio e as prestações.
Fui à busca de outro trabalho e mesmo com oito anos de carteira foi difícil, não conseguia nada. Comecei a catar latinhas e papelão pra me manter, pois meus filhos precisavam se alimentar e ter o que vestir.
Com cinco meses, comecei a ter complicações na gestação porque a minha pressão subia constantemente. Tive que tomar medicamentos para controlar, pois eu poderia ter uma eclampsia a qualquer momento. Eu precisava tomar Higrotom e Aldoment de hora em hora e ainda assim a pressão não cedia e continuava na luta pegando minhas latinhas e papelão.
Após sete meses pegando latinha e papelão, veio ao mundo minha filha querida, porém mais uma vez o destino foi cruel comigo pois precisei operar porque segundo a médica se eu engravidasse de novo poderia não sobreviver, pensando nos meus dois filhos decidi por operar aos 29 anos de idade.
Quando minha filha estava com dois meses eu consegui trabalho em uma oficina de costura aonde a dona me deixava levá-la e meu filho ficava na creche. Quando minha filha estava com quatro meses consegui creche pra ela, facilitando que eu fosse à busca de um trabalho que fosse mais garantido com uma renda mensal por mês pois na oficina eu ganhava por peça costurada.


5Consegui trabalho em uma empresa que tinha convênio, cesta básica e registrava pela CLT (Código de Leis Trabalhistas) e o melhor, próximo da minha casa. Lá fiquei três anos.
Então, comecei a reformar o apartamento pois não tinha piso, era tudo no bloco.

1.      Depois da queda

            Num belo dia a campainha toca e era a síndica me perguntando se eu estava interessada em me cadastrar em uma associação que distribuía leite para a comunidade porque eu tinha muito gastos com leite para meus dois filhos.
            Na mesma hora eu fui à associação procurei o responsável e perguntei como era o procedimento para me associar. Voltei em casa e peguei os documentos para retornar e para fazer o cadastro.
            Conversa vai, conversa vem... E a responsável da associação me pergunta se eu queria me escrever também para ingressar na faculdade. Ainda me recordo que falei: -Não, minha senhora. Meu marido me largou com dois filhos e eu não decoro nem o nº do meu celular imagine entrar para uma faculdade?!-.
            Durante o preenchimento da ficha ela começou a perguntar se eu havia feito algum curso, se falava outro idioma, se entedia de informática e eu estava pensando que tudo isso era pra pegar leite, mas enfim, como precisava fui respondendo.
            Após o término do cadastro ela me disse aguarde em casa pra ser chamada.
            Depois de dois meses meu celular toca no trabalho. Uma moça me passa um endereço dizendo que teria que fazer uma prova do cadastro analisado na associação.
            Achei aquilo um absurdo, mas como o leite iria me ajudar muito eu fui atrás e não desisti. No dia marcado fui ao local determinado e me deparei com a faculdade Sumaré. Assim que cheguei tive que pagar uma taxa de R$20,00, e ainda lembro que era o único dinheiro que tinha para passar até a próxima quinzena.
            Levaram-nos para uma sala aonde só havia computadores e falaram que teríamos que responder as questões pelo computador. Quando eu clicava no mouse a setinha
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sumia do monitor eu comecei a me desesperar, até que chorei e pedi para a moça que estava com a gente me devolver o dinheiro porque eu não queria mais aquele leite.
            Foi quando ela me disse: - Que leite?!-. E, eu falei: - Não é para pegar leite na associação?!-. Ela me disse que ali era um vestibular. Eu fiquei atordoada e só pensava que iria voltar pra casa sem o dinheiro. Fiquei tão nervosa na sala que até um rapaz ficou nervoso comigo porque ele tentava me explicar que não tinha como pegar o dinheiro de volta.
            Procurei me acalmar e fiz a prova já que estava ali mesmo e quando retornei, eu fui diretamente na casa da responsável pela associação e ela me disse que trocou as fichas. Ao invés de preencher as fichas do leite, ela preencheu as fichas pra entrar na faculdade. Na segunda feira veio o resultado de que eu havia passado com 54% de certos.
            Eu não acreditei! Fiquei em estado de choque e quando minha mãe me deu a notícia fui parar no hospital.
            No primeiro dia de aula a professora perguntou o por que cada um de nós resolvemos entrar na faculdade. E eu afirmei sem pestanejar: - Eu caí de pára-quedas!- e continuei a relatar toda a história da minha vida que aqui escrevi.
            Por fim, a professora me perguntou qual o nome que eu queria dar ao livro: Lágrimas de Sangue, Depois da Queda, O Erro, O Leite, A Queda ou Nascer de Novo.
            E, depois de muito pensar decidi:

ANIME-SE SE FOR NECESSÁRIO E FAÇA TUDO NOVAMENTE SE FOR PRECISO: ASSIM É A VIDA


CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Não foi nada fácil relembrar tudo isso, então antes de desistir de alguma coisa nessa vida acredite mesmo perdendo você é um campeão pois campeão não é quem ganha a luta e sim, quem não desiste dela!
            Você precisa fazer aquilo que pensa não ser capaz de fazer, afinal de contas na batalha da vida só vencem os fortes e uma pessoa forte determina o seu destino.


autoria Ângela Márcia 

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