Um Olhar Na Educação De Jovens e Adultos Numa Perspectiva Educacional Infantil
INTRODUÇÃO
Por meio deste projeto
buscar-se-á compreender a importância de se levar em consideração as idades dos
alunos de educação de jovens e adultos, na organização de salas de aula, dada a
heterogeneidade que estes apresentam em seu processo de aprendizagem.
O tema em tela
surgiu nas observações de aulas que aconteceram durante as visitas às salas de
EJA, a partir da percepção obtida nas diferenças de aprendizagem dos alunos,
assim como as suas vivências.
JUSTIFICATIVA
Verifica-se na Educação de Jovens e Adultos - EJA, uma grande variedade
de idade nos discentes.
Essas variações cronológica e possivelmente também mental, no tocante ao
amadurecimento das pessoas, devem interferir no processo de ensino e de
aprendizagem.
Além disso, podem-se perceber por parte dos docentes, muitas das vezes, a
utilização de métodos infantilizados, não observando o desenvolvimento
cognitivo do indivíduo e as diferentes experiências de vida que estes alunos
apresentam, causando por sua vez, um ensino desinteressado por parte dos
alunos.
Diante desses problemas, pergunta-se como estabelecer métodos que levem à
aprendizagem dos jovens e adultos com diferentes idades, levando em conta suas
idades, suas vivências e sua visão de mundo.
Pode-se afirmar que o fato de se ter pessoas de vinte, trinta, quarenta
anos, juntas na mesma sala de aula, por meio de um mesmo método, não prejudica
a aprendizagem dos alunos?
Quando se analisa a organização do Ensino Fundamental das crianças por
idades, podemos pensar nesta questão, pois se há uma necessidade da composição
da sala de aula por idade para melhor aproveitamento das crianças em estudo,
porque também não organizar as salas de aula de EJA por idade?
Será que um olhar, uma reflexão mais detalhada em relação à estrutura da
educação infantil não será um caminho melhor para o ensino da EJA?
PROBLEMATIZAÇAO
Observa-se na Educação de Jovens e
Adultos uma organização de idades entre alunos nas salas de aula dos estudantes
da EJA. Por que na sala de aula de EJA não se leva em conta a idade, sexo,
etnia dos alunos, fazendo-se um paralelo ao ensino infantil onde os discentes
possuem a mesma idade cronológica?
É possível observar que uma das respostas das orientações existentes á
Educação de Jovens e Adultos, a esta questão, não está em uma visão imposta e
estabelecida de antemão aos docentes desta modalidade de ensino; no entanto,
deve haver ponderações e um olhar para o ensino infantil observando sua
metodologia como comparação e reflexão para a EJA.
Entende-se por metodologia reflexiva conforme Saviani (2007, p.54), “Uma
reflexão que seja na raiz, que busque a fundo a solução, num método rigoroso
que tenha embasamento da ciência e de conjunto que seja visto na sua
totalidade”.
O jovem ou o adulto ao procurar a EJA já apresenta uma visão de mundo e
nesta leitura um conceito do que é estudar e do que é uma sala de aula,
trazendo consigo toda uma bagagem cultural. Concomitante a isso, por vezes, o
docente, por sua vez, apresenta um preconceito de quem é o aluno que ele irá
ensinar. O aluno da EJA pode apresentar também um preconceito à escola, em
contra ponto o ensino da criança da Educação Infantil, que na maioria das vezes,
não demonstra rejeição ou críticas à escola.
As duas modalidades de ensino, tanto a Educação
Fundamental no seu nível infantil quanto a EJA apresentam formas de trabalho
que no seu ensino propedêutico trazem por partes dos alunos um desinteresse, que
tem sido cada vez mais presentes nas salas de aula. Este fato se dá por parte
dos docentes e também por parte do padrão de ensino, hoje existente, que formam
os alunos na vida escolar e ao mesmo tempo não formam para a vida, a exemplo do
ensino fundamental que tem apresentado defasagem em relação ao conhecimento
ensinado pela escola, sendo necessário para a vida. Verifica-se que tanto as
crianças quantos os jovens e adultos que necessitam de escolaridade são vítimas
de uma política educacional que não prima pela qualidade do ensino. Nesse
sentido cabe aos educadores investigar o que esta acontecendo.
A LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei nº9394/96, Artigo 22) preconiza que “a educação básica tem por objetivo
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e
em estudos posteriores”.
Diante disso, surgem pelo menos duas
situações: o jovem ou adulto analfabeto que está sendo “vítima” duma modalidade
de ensino que não tem dado conta de seu propósito de proporcionar a educação
desejada e necessária e, por outro lado, o aluno do ensino fundamental infantil
que está sendo “modelado” em uma educação baseada fundamentalmente nos PCNs e
não observando a LDB e sua flexibilidade para atender a realidade levando em
conta a bagagem cultural de seus alunos.
De acordo com Simões e Rosa (1994, p.54)
Em nosso país a alfabetização de adultos não é um
espaço em que encontramos condições favoráveis ao estudo da escrita e da
leitura. Aos alunos, cabe uma escola de má qualidade, desinteressante, em que
muitos educadores não acreditam na possibilidade e na importância do uso de
diversos textos, assim como não relevam a expressão escrita dos alfabetizando,
sua expressão oral, ou seja, suas possibilidades de palavra ao mundo.
Nestas duas
situações pode-se perceber a existência de um certo desrespeito à pessoa que,
na sua inocência, serve de instrumentos de manipulações de uma educação, pois
ainda não conseguimos nem reproduzir o ensinamento dos jesuítas que é ler
escrever e contar.
HIPÓTESE
As políticas educacionais de Educação Infantil e em especial de EJA não
levam em consideração as seguintes questões:
-A lei n.4.024/61 sancionada no dia
20 de dezembro de 1961 na qual fez referência aos níveis de ensino, primário,
médio e superior, mas em nenhum momento fez referencia ao ensino supletivo.
-A lei 5692/71 que implantou o ensino supletivo (um ano antes
teve a formatação do ensino Mobral em 1970), oportunizando o direito as pessoas
que não puderam frequentar a escola na época certa.
-A lei atual LDB n.9394/96 no que se refere à EJA.
Diante destas questões pode-se observar que não houve articulação nas propostas
educacionais voltadas às pessoas que não frequentaram as escolas no período
adequado, ficando assim, mormente as vicissitudes das lacunas na questão do
tempo que não fora aprovado uma lei voltada aos alunos que fossem inseridos
dentro dos seus contextos histórico e social mostrando métodos não viáveis
quanto a suas idades e experiências de vida causando por sinal a evasão e falta
de interesses por partes dos discentes e docentes.
Notadamente o intervalo de tempo de uma lei para a outra (1961-1971-1996)
apresenta a falta de uma resolução que mantenha a educação de jovens e adultos nas
suas idades para que possa viabilizar um melhor conhecimento e assim falta a
formatação de módulos concomitante à idade de cada discente.
OBETIVO GERAL
Contribuir com a análise das estruturas das salas de aula de EJA, visando
uma discussão metodológica que possa contribuir para um ensino de qualidade aos
alunos dessa modalidade de ensino.
OBJETIVOS
ESPECIFICOS
- Discutir as faixas de idades dos discentes num viés
do ambiente alfabetizador, tanto da educação infantil quanto da educação de
jovens e adultos.
- Refletir uma educação que ultrapasse os limites da
padronização e diferentes situações de alfabetização.
METODOLOGIA
Tendo em vista os objetivos deste projeto e a importância de pesquisa
para a compreensão e análise da situação atual da educação de jovens e adultos
no Brasil, será utilizado para a realização deste projeto o estudo de livros,
artigos e teses científicos da área referida, dados quantitativos fornecidos
pelo Censo Escolar/ MEC- INEP, a legislação em vigência (LDB – Lei nº 9394/96)
e dados sobre as Políticas Educacionais de Educação Infantil e, em especial, de
Educação de Jovens e Adultos.
Deverá também ser realizada uma pesquisa relacionada ao desenvolvimento
da aprendizagem nas faixas etárias existentes legalmente dos alunos da educação
infantil concomitante com as do alunado de EJA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo:
Arte & Ciências, 2003.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
4026/1961.
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
5692/1971.
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
9394/1996.
________. Secretaria de Educação
Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 1997.
BRZEZINSKI, Iria. LDB Interpretada: diversos olhares se
entrecruzam. São Paulo: Cortez, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia
do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
SAVIANI, Demerval. História das idéias pedagógicas no
Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.
Projeto de Pesquisa
apresentado à Universidade
Nove de Julho, sob
orientação da professora Sílvia Andrade da Silva Telles, como requisito conclusão do curso de Pedagogia
.
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autor :Nilson Silva Souza
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