Casa Velha



A casa estava largada as traças, com sua estrutura comprometida oferecendo perigo à família residente.
Porem na casa com toda humildade, numa pobreza constante, marcava um singelo e estancado sentimento de ternura na vida das pessoas, mesmo presente naquele ambiente sombrio...
Na casa velha havia almas felizes, não com a pobreza, e nem no paupérrimo ato de gostar do envelhecido. Alguma coisa na vida daquelas pessoas fazia estarem em harmonia com a vida, mostrando um elo não com uma casa velha, mas em sintonia com a vida e o habitat.
Os residentes tinham em suas esperanças uma condicionalidade de não ser em detrimento ao ter, pois a aparência daquela casa velha transfigurava um aspecto amargo e triste pela pobreza e envelhecimento da matéria (casa velha). Viviam em suas realizações, mesmo que contidas, uma situação de vida (não econômica), no cerne da alegria da vida e do existir.
Havia alegria, paz e respeito naquela casa velha, representava o estado de espírito das pessoas, pais, filhos e agregados se respeitavam aludindo a não necessidade apenas da riqueza como fonte de harmonia e felicidade, e sim uma boa convivência.
Não havia cobiça e nem ambição, pois todos já haviam herdado riqueza em vida e saúde como patrimônio finito, pois a casa velha não representava e nem tinha proporções de cobiças, pois era apenas uma casa velha, com pessoas de alma em novidade de vida.
Aquela família também sonhava com uma casa nova, mas não se frustrava em ter a velha, havia intenção de melhoras, não ignorando a essência de ter a vida e as oportunidades como bem maior e mais importante...
O tempo passou e a casa velha ficou sendo a casa velha...
Os filhos cresceram,estudaram,casaram, tiveram outros filhos, compraram casas não mais arcaicas, como a casa dos seus pais, pois agora eles tinham condições e eram donos dos seus destinos.Porem nos finais de semana, lembravam-se dos pais e almoçavam na casa velha... Os pais ficavam felizes e recebiam seus filhos e netos numa ternura sem igual, pois na casa velha ainda existia amor.
O tempo passou mais rápido ainda e a casa ainda continuava sendo uma casa velha...
O cansaço do matrimonio aconteceu na casa nova que os filhos construíram e chegaram a um denominador comum que era melhor, haver a separação e cada um deveria voltar à casa dos pais e vender a casa nova e dividir o dinheiro, consensualmente o fizeram.
De volta a casa velha, os filhos com alguns vinténs nos bolsos, perceberam que somente existe amor duradouro na casa velha com os pais de alma nova.
Por fim a casa foi reformada, com a ajuda dos filhos, (que venderam suas casas), e descobriram que o dinheiro e riqueza, não seria sinal de longevidade nas relações, conquanto apenas a alegria de viver e respeitar-se mutuamente que importava.
A casa velha transformou-se em nova, não mudando os alicerces do passado, pois as pessoas daquela casa tinham enraizado em suas vidas um comprometimento de paz e amor...

Continua... Casa Velha II


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