Inveja (Livro O Amor)

Na perspicácia do viver, instaura-se em cada participante deste universo austero uma inflamada motivação de ter, muitas vezes em detrimento do outrem.
Em todos os níveis sociais, vislumbra-se o desejo de possuir o que o outro possui; e assim a humanidade — ou parte dela — torna-se carente de uma existência autêntica, abocanhando vidas que não lhe pertencem.

Nos diversos espaços da vida encontramos pessoas mergulhadas na inveja: sejam de classes sociais distintas, credos religiosos diversos ou ambientes corporativos complexos. Em cada escombro de alma habita um vazio inoperável, ávido por vantagens que não lhe cabem.

A inveja invade todos os ambientes possíveis, sempre na contramão da dignidade e da autovalorização.
Caminha lentamente pelos pensamentos e atitudes daqueles que são inseguros, interiormente fracassados.

Pessoas sem um objetivo autêntico de existência minam forças alheias, tentando usurpar ideias, bens, oportunidades e até filosofias de vida. Fazem isso com tamanha sutileza que somente os verdadeiramente observadores conseguem perceber.

E claro: o invejoso jamais admitirá sua intenção nas negociações, nas pequenas ações, nos convívios diários. Mas suas atitudes sempre serão vistas — por alguém.

Paira sobre o invejoso um espírito lúgubre, quase luciferiano, que densifica o ambiente, tornando-o pesado, obscuro, propenso ao retrocesso. Conviver com pessoas assim é caminhar à beira de um abismo.

Todas as boas intenções do invejoso são manipuladas tacitamente em favor de seus gostos, interesses e articulações.
Na inveja nasce um amor morto, uma felicidade vazia, um contentamento disforme. É um sentimento que acompanha os fracassados — mesmo quando revestidos de sucesso — os oprimidos por si mesmos e os infelizes por não possuir aquilo que pertence a outrem.

Somos invejosos?
Responda somente para você.

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